“Mestre, qual é o grande mandamento na Lei?
Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento.
Este é o grande e primeiro mandamento.
O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.”
Mateus 22.36-40
A simplicidade dos ensinos de Jesus é desconcertante. Tão desconcertante, que o ser humano precisa de racionalizações, categorizações, teologizações e vários outros “ções” para tentar se esquivar da verdade de Cristo.
Um bom exemplo é este texto. O ensino é simples. A aplicação é simples. Mas os resultados de sua aplicação são inimagináveis!
“Amarás teu próximo como a ti mesmo” não demanda de seus leitores um grande conhecimento das línguas originais, dos costumes dos povos do oriente médio daquela época ou da influência da filosofia grega naquela cultura. Demanda empatia, o colocar-se no lugar do outro.
Se eu estivesse sem casa e sem dinheiro ou oportunidade de trabalho para pagar um aluguel, o que eu gostaria que fizessem por mim?
Eu gostaria que um empresário me desse a oportunidade de trabalhar. Eu gostaria que um político fizesse uma política pública de moradia aos necessitados. Eu gostaria que a igreja me acolhesse de alguma forma. Eu gostaria que um amigo me convidasse para ficar em sua casa até as coisas melhorarem.
Se eu fosse flagrado em adultério, o que eu esperaria que fizessem por mim?
Eu gostaria que minha esposa me perdoasse. Eu gostaria que meus amigos me exortassem. Eu gostaria que minha igreja me ajudasse a levantar das ruínas.
Se eu tivesse um pecado que sempre supera minha vontade de não pecar?
Eu gostaria de poder falar sobre isso abertamente com meus irmãos sem ser julgado. Eu gostaria de ter ajuda para superar essa fraqueza.
Se eu estivesse caminhando para o inferno, sem acreditar nisso e sem querer ouvir sobre isso?
Eu gostaria que alguém que me ama de verdade e se importe comigo de verdade insistisse em estar comigo, mesmo eu não me encaixando nos seus padrões morais, para que, sempre que possível, falasse a verdade para mim e que fosse um exemplo da alegria, do amor, do perdão e da paz resultantes de uma vida com Cristo.
Infinitas outras situações poderiam ser levantadas aqui, mas a essência seria a mesma:
Gostaria que fizessem com você? Então vá lá e faça exatamente isso pelo próximo!
Muita energia tem sido gasta e muitos livros tem sido escritos com construções intelectuais para nos “livrar” desse ensino simples e prático.
“Esta não é a missão da igreja!”
“Esse amor é humano, o de Deus é diferente!”
“Estão esvaziando o Evangelho com assistencialismo!”
"Não se envolva com esse tipo de pessoa!"
Obviamente, não estou desprezando o estudo das línguas originais ou dos costumes da época ou da filosofia grega. No entanto essas ferramentas são importantes para trazer luz sobre o texto, e não para soterrá-lo em uma tonelada de argumentos teológicos e filosóficos paralisantes.
Existem textos bíblicos realmente difíceis, que precisam ser profundamente estudados em seu contexto histórico-cultural, literário e teológico para que não se perca seu verdadeiro sentido. Mas há outros que são de uma simplicidade e praticidade incríveis.
Não precisamos estar sem teto para termos compaixão e comprometimento com que está. Não precisamos cair em adultério para ajudar um adúltero arrependido a se reerguer e restaurar seu casamento. Basta nos colocarmos no lugar deles!
No caso do pecador e do perdido, nós sabemos, ou ao menos deveríamos saber, como ele se sente.
Imagine como o mundo seria diferente se “apenas” fizéssemos com o próximo aquilo que gostaríamos que fizessem conosco.
Eu não tenho ideia da dimensão do impacto que isso causaria em nossa sociedade, mas estou curioso. Você não está?
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