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Meus problemas com Apologética


Preciso confessar uma coisa: tenho problemas com apologética.

Não sei se é por causa da vinda do Willian Lane Craig ao Brasil por conta do congresso da Vida Nova, mas tenho visto muitos debates sobre apologética. Principalmente sobre a existência ou não de Deus.

São grandes debates filosóficos (e, por que não, teológicos, visto que até os ateus estão teorizando sobre Deus para negá-lo e isso não deixa de ser teologia num sentido amplo) sobre as razões e provas para a existência de Deus. Estes debates não chamam a minha atenção. Talvez esta seja uma falha minha, e se alguém pensar assim, peço que orem pela minha vida.

Então vou esclarecer: não é com qualquer tipo de apologética que tenho problemas, mas com a preocupação em provar que Deus existe. E digo o porquê.

Em primeiro lugar a Bíblia não tem essa preocupação. A primeira frase do texto sagrado é: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” Gn 1:1.

A existência de Deus é um pressuposto das Escrituras. Não vemos em nenhum texto bíblico Deus afirmando: “Vejam, eu existo!”. Deus se apresenta como EU SOU O QUE SOU! Assim sendo, eu parto do princípio de que, se a Bíblia não tem essa preocupação, eu também não preciso ter.

Em segundo lugar, é preciso ser muito mais tolo para crer que tudo o que existe hoje é apenas fruto de um acúmulo de coincidências do que para crer que houve um ser que planejou e criou todas as coisas.

“Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder, como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas.” Rm 1:20a

Eu tenho um primo que era ateu. E o interessante é que ele não mudou de opinião por causa de nenhum argumento religioso. Bastou que ele começasse a estudar o universo e a sua formação na faculdade de Astronomia, para chegar à conclusão, óbvia segundo ele, de que houve uma mente planejando e executando cada etapa da formação do universo. Segundo ele, bastaria que um átomo tivesse um elétron a menos para que nada do que existe existisse.  Foram a física, a química e a matemática que apresentaram Deus ao meu primo.

São milhões de variáveis que se entrelaçaram e se harmonizaram para que tudo viesse a existir!

Vou citar um amigo meu, que talvez estivesse citando um outro alguém. Embora eu não saiba quem é o autor desta comparação, eu a achei fantástica.

Ele diz que a probabilidade de que todas as coincidências necessárias à formação do universo e da vida é a mesma de você pegar todos os volumes da Enciclopédia Britânica, recortar as letras de suas 40 milhões de palavras uma a uma, jogá-las do alto de um prédio de vinte andares e todas elas caírem na ordem em que foram escritas. Convenhamos: só sendo muito tolo para crer nisso.

Então, quando vejo uma pessoa se dizendo racional tentando afirmar que minha fé é irracional, eu respondo dizendo que ele precisa ter muito mais fé para acreditar na teoria dele do que eu preciso para crer em Deus. 

E vejam que estou sendo condescendente, pois a Bíblia é mais dura.

“Tais homens são, por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos” Rm 1:20b-22

Estes homens se acham sábios, mas são loucos! Como debater idéias com um louco? Como convencer um louco por meio de argumentos? É perda de tempo!
Além de loucos, são cegos:

“Mas, se o nosso evangelho ainda está encoberto, é para os que se perdem que está encoberto, nos quais o deus deste século cegou o entendimento dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus.” 2Co 4:3, 4

Se tentar fazer um louco se render à razão é perda de tempo, quanto mais tentar fazer um cego enxergar por meio de argumentos!

É claro que com isso não estou dizendo para deixar os incrédulos em sua incredulidade. Estou dizendo que o remédio para a sua incredulidade não está na lógica pura e simples.

“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé, e isto não vem de vós; é dom de Deus” Ef 2:8

“E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo.” Rm 10:17

Para que estas pessoas não só acreditem na existência de Deus, mas tenham a fé salvívica em Cristo, precisamos clamar a Deus para que Ele lhes conceda fé e precisamos pregar a palavra de Cristo. E, como foi dito no início, a palavra de Cristo não se preocupa em provar a existência do EU SOU.

Não há receitas mirabolantes, nem fórmulas mágicas, nem raciocínios filosóficos elaborados. É oração e pregação!

Lembram do meu primo ateu? Ele deixou de ser ateu por força de sua inteligência diante de fatos irrefutáveis, mas não chegou até Cristo. Seus raciocínios só o levaram até a existência de Deus, no entanto ele não foi convencido de seu pecado e de sua necessidade de Deus. Ele nem chegou a crer que o Deus criador que lhe foi apresentado pelas ciências é um Deus pessoal, santo e amoroso.

Ser convencido da existência de Deus não salvou meu primo.

Então, ao invés de perder tempo debatendo e escrevendo sobre as provas de existência de Deus, vamos ganhar tempo (e vidas) orando e pregando as Escrituras.

Comentários

  1. Há momentos q o silêncio é a melhor estratégia, Deus faz isso conosco na Sua sabedoria, claro q assim como Deus está em silêncio mas está 'trabalhando' a nosso favor, nós também temos q orar, jejuar por aqueles q ainda não entenderam quão maravilhosa é a existência de Deus em nossas vidas!!

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