Senhor, Confesso que as contingências da vida me empurram para "seguir com a vida". Confesso que não ter tido a oportunidade de fazer quarentena me leva a pensar que está tudo bem sair para passear. Confesso que tenho dificuldade, nesse momento, de ter percepção correta da tragédia que assola o Brasil. Confesso que estou cansado de demonstrar indignação entre aqueles que já estão indignados e aqueles que nunca ficarão. Confesso que a sensação de impotência às vezes é tão grande que é melhor desviar o pensamento. Confesso que estou entre a oração de Reinhold Niebuhr, "Senhor, conceda-me a serenidade para aceitar aquilo que não posso mudar, a coragem para mudar o que me for possível e a sabedoria para saber discernir entre as duas" E o poema de Bertolt Brecht, "Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangre...